sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Mar(r)ie Claire


Hoje eu acordei e fui procurar uma agenda 2008. Fui há mais de 10 papelarias, de tamanhos variados, pequenas, médias e grandes e para minha surpresa eu não consegui achar mais de um modelo de agenda! E pior, algumas papelarias só tinham modelo 2009! Como assim? Tipo hoje é dia primeiro de agosto, ta eu até entendo que época de comprar agenda é dezembro, janeiro... Confesso que eu to atrasada, Mas peraí meu primeiro semestre foi super conturbado, eu me atrapalhei dos pés a cabeça... Resolvi comprar uma agenda para me organizar p/ ver se conseguia arrumar tempo p/ uma ou duas resoluções de final de ano e de repente eu me deparo com isso: games over. Acabou: vida que segue. Gente será que fui só eu que percebi que ainda é agosto? Que ainda faltam 5 meses p/ o tão esperado Feliz ano novo?

Ai gente, não é possível! Já não bastasse o natal começar uma semana depois do dias das crianças eu ainda tenho de engolir que o não foi feito até 2008 só em 2009. De quem foi a idéia de fazer uma no de 7 meses? È curto! Curto demais os meus anseios, curto de mais p/ eu ir ao trabalho, faculdade e ver os filmes que eu pretendo alugar na locadora. Nossa falta ainda tanta coisa que eu jurava que ainda ia fazer esse ano, mas pelo visto nem agenda eu posso ter!

To cansada de estar sempre atrasada, saco!

Tudo bem que não é o final do mundo afinal, eu posso usar um caderninho ou fazer minha agenda no computador... Mas não tem como não ficar indignada com o que estão fazendo com a gente, pelo menos comigo! Com meu tempo, com minha vida! Ta tudo corrido. Eu não posso parar p/ sentar e apreciar uma bela paisagem sem me sentir culpada

Uma coisa que também me irrita horrores, é a tal da Marie Claire. Na verdade é uma metáfora... Nada contra a Marie Claire especificamente, na verdade ela é uma das melhores revistas neste ramo, por isso até que a estou usando-a como exemplo.

Desde que surgiram estas revistas, um novo tipo de mulher surgiu: Uma mulher não só trabalha, estuda, tem filhos e cuida do marido, mas é a melhor profissional, a melhor mãe, a melhor amante, e ta sempre de cabelo arrumado e unha feita. Mas que diabo de mulher é essa? Não pq é fato que o dia só tem 24 horas e que uma semana normal tem 7 dias, ano custumava ter 12 meses, mas a gora há controvérsias...

Vamos por no papel: segundo a CLT um trabalhador deve trabalhar 8 horas por dia, certas?Supondo que ela more ao lado do trabalho e gaste apenas 30 minutos no trajeto (é mega hipotético); claro que ela precisa durmir e o correto seria 8 horas, até para ter o chamado sono de beleza, pq mulher Marie Claire é obrigatoriamente linda! Então se vão mais 8 horas. Caso vc tenha dois filhos é imprescindível para uma mãe, principalmente uma boa mãe que ela olhe se seus filhos fizeram o trabalho de casa e afins o que conta pelo menos 2 horas de dedicação exclusiva ao filho. O marido tb precisa de pelo menos 1 horinha p/ ele, né? Pq que raio de esposa maravilhosa é essa que não passe pelo menos uma horinha mimando seu maridão?Quem é boa profissional gasta pelo menos 1 horas fora do trabalho com assuntos relacionados ao trabalho; Não podemos esquecer que mulher Marie Claire é gostosa então pelo menos 30 minutos no Curves ela gasta, mas tb temos de contar a infinidade de cremes que ela que ela precisa passar p/ manter sua pel sedosa, então lá se vão mais 30 minutos. Claro que mulher moderna é cult, então faz uma leitura e tira pelo menos uma horinha do dia p/ter o tão chamado hobby. Bom se essa mulher moderna ainda mantém com as próprias mãos seu lar super organizado, lá se vão umas 2 horas, entre almoço, janta e lanche das crianças:

Vamos a contabilidade:

*Trabalho: 8

*Trajeto: 0,5

*Sono: 8

*Filhos: 2

*Marido: 1

*Malhação +cremes:1

*Tempo p/ si :1,5

*Casa:2

Somatório: 24 horas

Até que da, mas é claro que estes valores são mega hipotéticos e o tempo dos filhos só vale se eles já estiverem no final da adolescência quando espera-se que eles dêem menos trabalho... Pq dizer que vai reservar 1 hora para um filho de 2 anos é faz me rir, né galera?

Enfim o que eu quero dizer é que não tempo... Mulher Marie Claire deve existir uma ou duas, então não é justo que a revistas queiram me convencer de me sentir culpada por ser parecida com a maioria, ou mais que me sentir culpada me julguem por não conseguir fazer 3 coisas ao mesmo tempo sem que uma delas acabe ficando mal feita....

Não estou justificando as más profissionais, ou dizendo que eu posso ser uma péssima mãe que não tem problema. Só quero deixar claro que sou humana e não acho certo que me culpem por isso!

Proponho agora uma revolução, na qual o ano tem 12 meses, na qual o Natal é em dezembro. Na qual a gente até engorda, mas emagrece quando dá... Reivindico o direito de olheiras após noites mal dormidas. E que às vezes não vai dar tempo de ler Carlos Drumont de Andrade, e eu vou continuar sendo uma boa samaritana por isso.Reivindico o direito de um mulher super, mas ainda assim humana.

Até que ponto nós devemos/podemos cobrar dos outros quando ficamos chateados com eles?

Outro dia presenciei um desentendimento entre duas amigas minhas, o motivo era bobo, beirando o ridículo, mas foi o suficiente para duas pessoas que se falavam numa média de 1 vez ao dia não estarem se falando há pelo menos 2 semanas.

Eu poderia descrever os elementos da história, mas correria o risco delas se reconhecerem e minha situação ficar ruim, então vou fazer um breve resumo e rezar para que elas nunca achem este blog.

Eram duas amigas, uma achou que a outra não lhe deu a atenção devida num evento e ficou muito chateada e a outra achou que o motivo não cabia e foi assim que aconteceu tudo. Eu que me meti na história e evidentemente estou tendendo para um dos lados. Mas não foi esse o motivo que me levou a escrever este texto, na verdade a minha intenção aqui é discorrer sobre uma pergunta que, com esta história, ficou na minha cabeça.

Depois disso tudo eu fiquei pensando em qual seria o limite par que possamos cobrar satisfação aos outros por aquilo que nós estamos sentindo? Eu sei que isso seria facilmente resolvido num consulta terapêutica, mas vamos tentar chegar uma conclusão usando nossa mente leiga e o bom senso, que nós que não sabemos nada de Freud, temos.

Como assim alguém não nós da atenção devida? Eu acho que essa frase é muito vaga, pois ela depende de tantos fatores para que seja verdadeira. Por exemplo, alguém pode não nos dar atenção “devida” porque nós também não damos tanta atenção a esta pessoa. É comum termos apenas acesso a um lado da historia (o nosso), então o ponto de vista tende a ficar distorcido. Mas isso não é um problema, pelo contrário, é normal. É assim que é formado o nosso ponto de vista sobre algo, é por isso que ele é nosso, porque é a nossa perspectiva. Mas se vamos nos valer dela para cobrar algo da outra pessoa, então precisamos olhar sobre o assunto de uma forma mais ampla. Por que senão for assim correremos o risco de sermos injustos.

Outro motivo comum para alguém não nos dar a atenção “devida” é que essa atenção é difícil de mensurar. Não existe uma tabela na qual se diga quantos telefonemas, saudações, visitas e afins uma pessoa deve dar para a outra e mesmo que esta tabela existisse acredito que não resolveria todo o problema, apenas seria uma ferramenta utilizada na defesa da pessoa que fosse acusada de desatenta. Essa pessoa poderia dizer: Essa sua reclamação não procede, eu usei o teto mínimo da tabela.

O que eu estou tentando dizer é que antes de cobrar alguém deveríamos verificar se o que estamos pedindo não é demais. Nós precisamos ter consciência se somos uma pessoa carente. Afinal ninguém no mundo tem a obrigação de nos dar a toda atenção que achamos merecer. Porque não é assim que o mundo funciona.

Mas que fique bem claro que eu também não estou querendo dizer que devemos sair por aí nos contentando com qualquer migalha que o outro tem para oferecer e deixando que qualquer um nos taxe de carentes. Muitas vezes não somos nós que pedimos muito, mas a outra pessoa que tem pouco a oferecer, nesses casos temos de parar e repensar a relação, pois nossa prioridade nunca deve estar focada em quem nos trata como opção.

A questão é que devemos avaliar cada caso, senão corremos o risco de lesarmos uma relação que valha a pena ou nos mantermos numa relação que nos diminui. Eu acho que esse deve ser um exercício, que não é fácil, mas que vale a pena.

Eu criei este blog, unicamente, por que me deu vontade de ter um.

O que eu vou postar aqui, a partir de hoje, não será com grandes pretensões de ser lido por uma grande massa.

A verdade é que eu mesma não sei o que eu irei postar aqui...