sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Até que ponto nós devemos/podemos cobrar dos outros quando ficamos chateados com eles?

Outro dia presenciei um desentendimento entre duas amigas minhas, o motivo era bobo, beirando o ridículo, mas foi o suficiente para duas pessoas que se falavam numa média de 1 vez ao dia não estarem se falando há pelo menos 2 semanas.

Eu poderia descrever os elementos da história, mas correria o risco delas se reconhecerem e minha situação ficar ruim, então vou fazer um breve resumo e rezar para que elas nunca achem este blog.

Eram duas amigas, uma achou que a outra não lhe deu a atenção devida num evento e ficou muito chateada e a outra achou que o motivo não cabia e foi assim que aconteceu tudo. Eu que me meti na história e evidentemente estou tendendo para um dos lados. Mas não foi esse o motivo que me levou a escrever este texto, na verdade a minha intenção aqui é discorrer sobre uma pergunta que, com esta história, ficou na minha cabeça.

Depois disso tudo eu fiquei pensando em qual seria o limite par que possamos cobrar satisfação aos outros por aquilo que nós estamos sentindo? Eu sei que isso seria facilmente resolvido num consulta terapêutica, mas vamos tentar chegar uma conclusão usando nossa mente leiga e o bom senso, que nós que não sabemos nada de Freud, temos.

Como assim alguém não nós da atenção devida? Eu acho que essa frase é muito vaga, pois ela depende de tantos fatores para que seja verdadeira. Por exemplo, alguém pode não nos dar atenção “devida” porque nós também não damos tanta atenção a esta pessoa. É comum termos apenas acesso a um lado da historia (o nosso), então o ponto de vista tende a ficar distorcido. Mas isso não é um problema, pelo contrário, é normal. É assim que é formado o nosso ponto de vista sobre algo, é por isso que ele é nosso, porque é a nossa perspectiva. Mas se vamos nos valer dela para cobrar algo da outra pessoa, então precisamos olhar sobre o assunto de uma forma mais ampla. Por que senão for assim correremos o risco de sermos injustos.

Outro motivo comum para alguém não nos dar a atenção “devida” é que essa atenção é difícil de mensurar. Não existe uma tabela na qual se diga quantos telefonemas, saudações, visitas e afins uma pessoa deve dar para a outra e mesmo que esta tabela existisse acredito que não resolveria todo o problema, apenas seria uma ferramenta utilizada na defesa da pessoa que fosse acusada de desatenta. Essa pessoa poderia dizer: Essa sua reclamação não procede, eu usei o teto mínimo da tabela.

O que eu estou tentando dizer é que antes de cobrar alguém deveríamos verificar se o que estamos pedindo não é demais. Nós precisamos ter consciência se somos uma pessoa carente. Afinal ninguém no mundo tem a obrigação de nos dar a toda atenção que achamos merecer. Porque não é assim que o mundo funciona.

Mas que fique bem claro que eu também não estou querendo dizer que devemos sair por aí nos contentando com qualquer migalha que o outro tem para oferecer e deixando que qualquer um nos taxe de carentes. Muitas vezes não somos nós que pedimos muito, mas a outra pessoa que tem pouco a oferecer, nesses casos temos de parar e repensar a relação, pois nossa prioridade nunca deve estar focada em quem nos trata como opção.

A questão é que devemos avaliar cada caso, senão corremos o risco de lesarmos uma relação que valha a pena ou nos mantermos numa relação que nos diminui. Eu acho que esse deve ser um exercício, que não é fácil, mas que vale a pena.

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